domingo, 28 de novembro de 2010

Roubo

Roubaram a diversão da minha mão.

Me botaram medo de ir, de pensar,
de tentar,
me disseram no que acreditar,
mas me deram um coração.

Quiseram me privar de ver,
de falar, de ler, de aprender,
fui privado de entender.

Roubaram minha sexualidade,
censuraram meu tesão.

Regraram minha comida,
minha hora de saída,
meu momento de ficar
de pé e de sentar,
limitaram meu vocabulário,
e me disseram o que falar.

Levaram meu dinheiro,
Suor do meu corpo inteiro.

Impediram minha fuga,
Me botaram mais medo.

Roubaram minha sagacidade,
me deixaram só pudor,
roubaram minha liberdade
me dizendo, pecador.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Sexo Vicioso

Sexo
Vicia.
Sexo
Causa euforia.
Sexo
Enlouquece o olfato.
Sexo
Desmascara o tato.

Amor
Causa sexo.
Furor
Causa sexo.
Saliva
Mata a sede.
A carne
Mata a fome.
A mente
Esquece o resto.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Apenas dois caminhos

Que é o mesmo que ser livre, o homem,
E não ser livre ao mesmo tempo,
Somente alguns pensam.

Como pode ser travesso, se quisesse,
E não ser repreendido?

Ou então, qual diferença se faz,
Ser malino ou não, se pra tudo há perdão?

Quem se dirá livre, estando apto apenas
A escolha de dois caminhos.

Não podemos, nós, criar, cada qual,
Um próprio terceiro
Ou quarto caminho
Se assim acharmos mais divertido.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Sudoku

SEIS               NOVE                        CINCO
SETE              UM                 DOIS
OITO              QUATRO       X

Quem é o X da questão?
Eu sou o X da questão?
Eu preciso estar aqui?
Preciso ficar?
Preciso fugir?
Preciso contar?
Preciso disso?
Preciso pensar?

sábado, 20 de novembro de 2010

Eu e a multidão

Querer perto e ao mesmo tempo
querer longe.
Sentir saudades e ao mesmo tempo
querer distância.
Sentir prazer mas ao passo dum segundo
buscar sair dali.
            No instante de falar, relutar
para não discutir.
            No instante de falar, evitar
para não se justificar,
calar-se para não decepcionar,
mentir para não ver chorar.
            Sabe-se lá o que venha a ser essa confusão,
querer estar só, mas há alguém lá,
querer alguém lá, e este não está.
Em dúvida entre eu, eu e você, eu e outro alguém
                                                           e a multidão.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O Fim

Fim do século,
Fim do tempo do contínuo,
Tudo é discreto.

Fim das majestades,
Tudo é confusão,
Desilusão,
Há liberdade?

O interessante é saber que não se sabe do começo.

Interessante é dizer o que ninguém antes disse.

É mesmo muito bom – para alguns – fazer o que ainda não foi feito.

Fim dos tempos,
Das nossas singelas contagens de milênios.

Fim dos nossos incansáveis comodismos,
Será mais cômodo esperar que o fim acabe com isso.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O fim do mundo 3

E se o mundo acabasse agora?
Não!
É melhor não.
Ainda nem completei 18 anos!
É melhor que acabe só na semana que vem.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Sem Céu

Antes se perguntaria do que eram feitas as nuvens.
Pensar-se-ia algo divino – pode ser,
A morada dos anjos – o céu.
É, alguém pensaria
o quão chato seria
passar todo dia
olhando lá de cima
os terráqueos ao léu.
Antes se perguntaria do que aconteceria aos animais quando morressem.
Nada – pensaria alguém sem vontade de pensar.
O mesmo que para humanos – pensaria alguém que ama muito seu pet.
Tão já, as nuvens estariam enfestadas de todas as espécies animais,
fosse toda criança querer levar consigo pro céu um elefante ou uma girafa.

Antes se perguntaria o que seria da Terra dali a alguns séculos.
Aqui estamos nós:
Sem céu,
nuvens são vapor.

sábado, 13 de novembro de 2010

A Dança

Ciranda,

Olha o rebolado da Nanda.

Boi Bumba,

Abra o caminho pra Bruna.

Faz a roda,

Sinta a maciez da mão da Rosa.

Maracatu, frevo mulher,

Samba no pé.

O que é que a baiana tem.

O que a brasileira tem.

Tem o que ninguém tem,

Ela dança como ninguém,

De beleza que me faz bem.