quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Rascal

quem se esconde onde não está
veste a roupa que não é
com punho e braço conhece o pi 
da circunferência de um novelo de lã
com o falso olhar do sorriso que traz
quando um molesto abraço se desfaz

quisera um sapato consertar teus pés
quem sabe um perfume pra entupir as narinas
outrora um relógio não consertou tua hora
um outro então não te trouxe ao agora
num xadrez encorpado de um tecido barato
tudo vendido
a mente
o espírito
o porco

o tédio dilacera alguns movimentos
um all star azul não cause (mais) desapontamentos
e embriagado de Chandon, se vença
em tons claros de vestes podres
em tristeza tal qual tua presença

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Dormência

Santa porcaria.
De onde vem tal idiotice?
Patas de patos, rastros de ratos,
Desastres ambulantes,
Atos de não restrição.

Abre a gaveta, pega o que é teu,
Foge do meu canto,
Deixa o que é meu.

Lavo minhas mãos,
Meus olhos, não.

Quiçá um dia
De sentar tua venta
Na beira da bacia,
No caminho da cutia.

No além de outrora,
Que não seja meu presente,
Que meus pés não pisem em rastros
E me levem bem pra longe
Dessa agonia dormente.