sábado, 30 de maio de 2009

Cadê a fala do personagem?

Pouco ou muito,
Sou filho do mundo
Ou nada sou!
Aquele não sou eu!
Sou aquilo eu não sei,
Aquilo que quase fui,
Aquilo que quase esqueci,
Aquilo que quase ameacei.
Aquilo que fui e não sou.
Se por acaso esqueci,
Não fui o suspeito da escrita.
Se em algum momento amei, mudei, perdi a noção do título,
Foi a sombra, não eu.
E se não entendi, respeitei.
E agora sou isso aí,
Rabisquei e não rasguei.
Espero por mim.
Estou aqui,
E sumi.


Ord'ep
Alex Araújo

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Antologia da Hora

Estaria mentindo se dissesse que
não me deixo levar por coisas pequenas.
Mentiria também
se dissesse que sou grande.
Sou coisa humana.
Ouço música, leio livros,
vejo TV, coço meu umbigo,
limpo o nariz com o indicador,
me tranco no banheiro,
penso em amor,
me jogo no chuveiro.
Sou coisa humana,
me encontro entre ouras coisas.
E estaria mentindo
se dissesse
que sei o porquê.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Ainda é assim

Quando a noite chega cedo é tão estranho,
A gente não vê o dia.

Quando a manhã chega cedo é tão estranho,
A gente não dorme demais.

Quando a maré está alta é tão estranho,
Não é seguro nadar no mar.

Quando é meio dia no sertão é tão estranho,
O sol queima mais.

O arco-íres é legal,
Ele aparece quando agente está em casa
Trancado por causa da chuva.
A gente pode vê-lo pela janela.

Epidemia também é legal,
Faz a gente ser igual.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Palavras Cruzadas

Macaco, cavaco,
Miolo, tijolo.
Banana, Santana,
Laranja, bacana.
Tijolo do forte,
Banana de monte,
Macaco que come.
Jardineira, rocheira,
Jaqueira, cadeira,
Fulano, sicrano,
Mamadeira.
Cruza palavras
Num caça-palavras.
Caneta, marreta,
Impares, pares,
Jantares, colares,
Chupeta, porreta.

terça-feira, 12 de maio de 2009

De repente noite

Os portais se abrem e não enxergo nada,
Ultrapasso o tempo e não enxergo nada.

Vou andando e sigo,
Estou chegando calado,
Tão quanto tudo me aparece
E de repente já é tarde.

Se foi pensamento em volúpia,
Se foi distâncias de amar,
E se nada for disperso encontro a paz.

Estou quieto como uma vitrola desligada,
Como uma luz apagada, mas sou assim.

Estou vivendo, só observando,
Virando o burguês.


Ord'ep
Alex Araujo

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Felipe, o amado

Eu tenho um amigo
Moreno e sabido
Que se acha engraçado,
Goleiro e fortão.

É um amigo que gosto,
Nele eu aposto,
O gol ele agarra.

É uma figura,
Parece desenho animado,
Brinca de ser hominho,
Lá vem Felipe, o amado.

Mora lá no morro,
Por onde o vento primeiro passa,
Seja limpo ou com fumaça
Da usina lá em baixo.

Esse é grande amigo
Do coração gigante,
Amigo que guarda consigo
Todos os seus amigos,
Todos os seus diamantes.

Lá vem Felipe, o rico,
Rico pelos diamantes,
Rico pelo conhecimento,
Pela fé a todo o momento.

Lá vem ele, o bala,
Quer encenar sua fala,
Mostrando que está presente,
Deixando a gente contente.

“Vai-te embora, porra chata,
Vê se aquieta teu cuzão.
Mas volte sempre, e quando queira,
E nunca, nunca esqueça,
Seus amigos te aguardam.”

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Coração de Rubi

Ester me deu um coração de papel
pintado com vermelho rubi.

Mas meu oração chorou,
e então sua cor desbotou.
Foi-se embora o vermelho rubi
que Ester pintou para mim
com seu lápis de cor.

domingo, 3 de maio de 2009

A moça do vestido longo

Certo dia ela chegou,

Ela chegou contando histórias

De quão diferente era sua antiga moradia.


 

Falava do bairrozinho, do irmãozinho, e da cidadezinha.

Falava dos seus sonhos, ideologias e sobre a democracia.

Falou porque veio parar aqui, o que queria e como foi partir.

Deixou pra trás família, amigos, amores,

Agora foi hora de evadir.


 

Certo dia ela contou, que não sabia o que fazer.

Sua admiração a abandonou

Ou era cego e não a pode ver.

Foi triste para ela conviver de um jeito assim,

Mas ela sempre foi forte e pensou muito antes de dormir,

Pensou muito para não se partir.


 

O coração as vezes entristecia,

Mas era difícil entendê-lo.

Coração é um mistério,

Nem o cérebro sabe o que ele quer.


 

Hoje ela desceu as escadas do seu novo lar

Com um vestido longo e leve.


 

Ela não se importa.

Ela solta os cabelos,

Ela grita e dança,

Ela lava roupas e canta,

Ela olha pro céu e se encanta.

De manhã cedo se levanta

E dá um bom dia feliz.


 


                    (Feliz Aniversário Daiane Diniz)

sábado, 2 de maio de 2009

Violeiro, head banger, sossegado


 

Eu vou onde tem mulher,

Onde tem cerveja e cachaça,

Onde tem arrasta pé,

Onde agente se esbagaça.


 

Porque eu sou head banger,

Cabra de botar pra foder,

Chego no bar e derrubo todas

Que me derem pra eu beber.


 

Quando eu ficar velho

Vou ficar velho e danado,

Sempre com um copo de cerveja

E uma mulher do lado.


 

Porque eu sou violeiro,

Cabra velho e apaixonado,

Chego no bar e canto todas,

Sempre, como eu só, sossegado.