quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

reverso

Talvez estivesse procurando arte no mundo do vácuo...

Talvez perdido no tempo que eu mesmo curvei.

Talvez precisasse de um terço no quarto do quinto de algum inferno.

E o que dizer dos corações frios de 7000 BTUs?



Alguém me de um empurrão, estou inerte.

Um tapa de mão pequena que cause pressão com doçura e emoção.

Alguém pague o tempo que passou,

Me compre um novo, por favor.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Carcaça

O escopo da minha figura desfigurou
O tempo que eu perseguia correu mais que eu
Este colo é estranho
Desembarca mais pontas afiadas do que sons intestinais.
Este corpo não afaga, não me odeia mas me descarta.

Há ganância enganando a graça. A loucura se disfarça.
Meu sonho de hoje na ponta de uma espada, sob olhares famintos de monstros latinos.

Nunca houve colo.

Nunca houve vida.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Constante


E se sua timidez se misturar com a minha?
No roçar dos pensamentos que os olhares não revelam,
Um sorriso mais risonho e um outro de receio.

E se travássemos uma luta contra o desatar do abraço?
O sossego fica inquieto,
O batimento mais voraz,
Um beijo que não cansa...

Dois rostos espertos
Em movimentos de sentidos sem sentidos, juntos.

E quando o calor não é o bastante,
Fica insistente uma saudade constante.

domingo, 1 de julho de 2012

Como fosse


Que fosse o que fosse
No dia que fosse
Amasse como amei
Quisesse como quis
Andasse ao meu lado
Segurasse o que é teu.

Falasse o que falasse
Olhasse como olhasse
Beijasse como era pra ser
Tocasse como tocasse
Sonhasse como eu sonhei...

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Saudade

É quando a saudade é muita
que a gente lava o rosto
com água pura dos olhos.

O piscar é cada vez mais lento
no involuntário de deixar fechado
pra ouvir o silêncio
                            - do coração.

Coração de Menino


Do por acaso e não acaso
Do giro Do circulo Do sítio em plena beira do mar.
A bola chutada na parede
O bichinho lento que andava aleatório no quintal
E o sofá usado como trampolim.

E o tempo passa...
E os ares mudam
E a criança muda
E pisar do chão muda.
E o sofá usado como trampolim.

Dedo na boca, mexido de pé, cantiga de ninar...
Dorme bebê, cantando pra ganhar de presente um sonho bom.

Acorda bem de leve... mas vem, acorda agora,
Tem um mundo inteiro, todo, te esperando, ali, lá fora.
Tem abraços, guaraná, tem sorrisos de crianças,
Tem risadas esquisitas pra você acompanhar.

E o sofá usado como trampolim:
Horas boas pra deitar
E sem querer adormecer...
Um menino bem ali.


sexta-feira, 18 de maio de 2012

Oculto

Um colírio ou um óculos
que disfarce
a alucinação do peito que bate forte,
da fome, da ânsia e do vômito,
do sangue que corre e não encontra.

Não adianta. Corro em vão.

O sol não me aquece.
Teu ouvido me esquece.
Tua voz me segue.
Meu olhar se fecha.

Falta colírio. Falta um óculos escuro
pra ocultar meu coração.

sábado, 5 de maio de 2012

Sem


Sem retorno, sem estorno, em rodeios.
Sem abraços, sem mãos dadas, em passeios.
Sem olhares, sem sorrisos, em frentes.

Sem açúcar, sem saliva.
Sem palavras.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Antiga(mente)

A mente, a carne, a minha
O dorso, o olhar, o gemido.

A voz não é a mesma como era antigamente.
A voz cansada e trêmula
A voz que gritou por amor.

Os pés descalços
Correndo do medo.
Os pés, os calos,
Fugindo do tempo passado.

A carne, a veia, a teia.
O sangue, o estilhaço, o derrame.
O chão, o pó, a prisão.

O sonho não é mais como era antigamente.
A risada é mais contida,
Não se escancaram mais os dentes.
Essa mente não é mais como era a antiga mente.

Esse dorso que me mantém, me mantém menos rente.
E os olhos que me restam
Não me prestam atenção.
E o caminho que eu não escolho
Não o capta meu olho
Vou levado à contramão.

A casa, a rosa, a mesa da sala de estar.
O portão de entrada,
O degrau da calçada.

 O beijo, o cheiro, o sabor,
Sobe aroma, sobe ardor.
 Falta tudo, falta cor,
Um sorriso infantil.
Falta nascer de novo.
Fatalmente falta mente, nova mente, outra mente novamente.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Falta algo

Falta algo.
Falta algo.
Falta presença,
talvez emoção.

Talvez falte tudo.

Falta um abraço.
Falta um sorriso.
Falta um olhar.
Talvez um colo.

Talvez falte fantasia.

Falta sentido.
Falta alguém.
Falta calor,
talvez falte um cobertor.

Talvez falte eu.

Talvez falte você.

sábado, 17 de março de 2012

Dentro do dia

Saborear o sabor de um sábado só,
Precedendo um domingo danado de lento na saudade.
E o calor que não acalma.

Fingir que o balanço da rede me leva e me trás
quando na verdade é só vaidade da minha inércia. Nem meio metro eu mudei de lugar.

Porque você...

Porque eu queria me esconder em você
como uma sombra pequena se esconde numa sombra maior
formando um.

Porque eu preciso de uma voz num volume bem baixinho,
de um um olhar e de um sorriso infantil, brincalhão e guardião.

- Porque eu preciso que o vento traga não só teu cheiro.
- Porque eu preciso que minhas mãos toquem não só o teu retrato.
- Porque eu preciso da outra parte de mim que sempre esteve em você.

sexta-feira, 9 de março de 2012

O balanço

E eu no meu balanço
só no meu descanso
no olhar perdido e vago
com meu pensar atrapalhado.

A boca despercebida
entreaberta pra entrar ar
entre a voz e o silêncio
do meu grito.

A postura dos olhos muda.
E os lábios fazem gestos
de desgosto:
deslocam-se pra esquerda ou pra direita
e completam um sorriso invertido.

E o balanço perturbante
dos meus olhos
da minha carcaça
do meu peito
do meu âmago
e do mundo
continua.

terça-feira, 6 de março de 2012

Meu

Eu me lanço em teus braços
Num abraço forte
Num ombro aconchegante.

Num olhar pequeno
Do verde do mar.
Me lanço nos lábios
Na língua dançante.

E eu fecho os olhos pra que seja um sonho
Pra que quando eu os abra, eu contemple que é meu.

Que o suspiro seja real
Que os batimentos ressoem... O meu e o teu...
E que se somem...
E que agora venham...
Do que é meu e do que é teu...
De onde eu te guardo
E de onde tu me guardas...

Que venha do fundo
Do mar dos teus olhos.
Que venha do vermelho
Da batida perfeita
Do nosso coração.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Poeira

Meus pés trazem poeira
um pouco de areia das terras que pisei.
Grudaram no sapato, umas mais do que as outras,
umas mais molhadas, outras secas.

Queriam mesmo vir comigo?
Ou queria que eu ficasse?

Não sei.
Bati o pé antes de entrar em casa.
E comigo só ficaram as mais agarradas nas solas
ou as mais pequenas que inevitavelmente se infiltraram na superfície de cima
e as mais ousadas chegaram até as meias brancas.

E o que acontecerá se eu sair de chinelo?
Poderão vir junto, diretamente grudadas nos pés.

E o que dirá se eu sair descalço?
Meus pés serão da poeira, da areia, do chão...

Até que os lave.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

fotografado

E se o acaso não nos permitir pra sempre,
Te retirando do meu presente,
Quero um adeus bem demorado
Daqueles que trazem lembranças...

Quero lembrar de uma mão
Que segurou firme a minha
Para que eu não caísse
e para não cair.

Dentro dos olhos fechados
Quero enxergar um olhar
Que ficou na memória
E uma paisagem do mar...
Do por do sol...
Fotografado...

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O coração do Menino

É quando eu fecho os olhos e me perco
sem entender pra onde vou.
Dentro de um querer mora um sacrifício
e há incertezas dentro de cada escolha.

É quando eu fecho os olhos e me permito
ser menino.
levado no momento
no gozo presente.

O menino é um herói em seu momento.
Mas cada herói tem seu medo
e cada medo esconde uma vaidade.

É quando eu fecho os olhos e abro pra ver um homem
adulto no que se declara a idade.
Um homem que é cada vez mais menino
que é saudade
vontade
paixão...

É quando com os olhos abertos, olhando pra  cima,
pisco e então choro.
É o peito apertado do homem que dói,
nele não cabe o coração do menino...