sábado, 17 de março de 2012

Dentro do dia

Saborear o sabor de um sábado só,
Precedendo um domingo danado de lento na saudade.
E o calor que não acalma.

Fingir que o balanço da rede me leva e me trás
quando na verdade é só vaidade da minha inércia. Nem meio metro eu mudei de lugar.

Porque você...

Porque eu queria me esconder em você
como uma sombra pequena se esconde numa sombra maior
formando um.

Porque eu preciso de uma voz num volume bem baixinho,
de um um olhar e de um sorriso infantil, brincalhão e guardião.

- Porque eu preciso que o vento traga não só teu cheiro.
- Porque eu preciso que minhas mãos toquem não só o teu retrato.
- Porque eu preciso da outra parte de mim que sempre esteve em você.

sexta-feira, 9 de março de 2012

O balanço

E eu no meu balanço
só no meu descanso
no olhar perdido e vago
com meu pensar atrapalhado.

A boca despercebida
entreaberta pra entrar ar
entre a voz e o silêncio
do meu grito.

A postura dos olhos muda.
E os lábios fazem gestos
de desgosto:
deslocam-se pra esquerda ou pra direita
e completam um sorriso invertido.

E o balanço perturbante
dos meus olhos
da minha carcaça
do meu peito
do meu âmago
e do mundo
continua.

terça-feira, 6 de março de 2012

Meu

Eu me lanço em teus braços
Num abraço forte
Num ombro aconchegante.

Num olhar pequeno
Do verde do mar.
Me lanço nos lábios
Na língua dançante.

E eu fecho os olhos pra que seja um sonho
Pra que quando eu os abra, eu contemple que é meu.

Que o suspiro seja real
Que os batimentos ressoem... O meu e o teu...
E que se somem...
E que agora venham...
Do que é meu e do que é teu...
De onde eu te guardo
E de onde tu me guardas...

Que venha do fundo
Do mar dos teus olhos.
Que venha do vermelho
Da batida perfeita
Do nosso coração.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Poeira

Meus pés trazem poeira
um pouco de areia das terras que pisei.
Grudaram no sapato, umas mais do que as outras,
umas mais molhadas, outras secas.

Queriam mesmo vir comigo?
Ou queria que eu ficasse?

Não sei.
Bati o pé antes de entrar em casa.
E comigo só ficaram as mais agarradas nas solas
ou as mais pequenas que inevitavelmente se infiltraram na superfície de cima
e as mais ousadas chegaram até as meias brancas.

E o que acontecerá se eu sair de chinelo?
Poderão vir junto, diretamente grudadas nos pés.

E o que dirá se eu sair descalço?
Meus pés serão da poeira, da areia, do chão...

Até que os lave.