terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Recíproco

Esse contato seria bem especial se fosse possível.
Seria bem confortável
Se não fosse tão eloqüente.
Mas eu acho tão quente
Que às vezes imagino,
E como eu só, me inibo.
Penso em você,
E em você também,
E não me esqueço de você,
E novamente.
O mais incrível é que é possível
Até que seja impossível.
E é interessante que
Temos dois momentos:
Quando você se lembra de mim,
E quando eu me lembro de você.

domingo, 28 de novembro de 2010

Roubo

Roubaram a diversão da minha mão.

Me botaram medo de ir, de pensar,
de tentar,
me disseram no que acreditar,
mas me deram um coração.

Quiseram me privar de ver,
de falar, de ler, de aprender,
fui privado de entender.

Roubaram minha sexualidade,
censuraram meu tesão.

Regraram minha comida,
minha hora de saída,
meu momento de ficar
de pé e de sentar,
limitaram meu vocabulário,
e me disseram o que falar.

Levaram meu dinheiro,
Suor do meu corpo inteiro.

Impediram minha fuga,
Me botaram mais medo.

Roubaram minha sagacidade,
me deixaram só pudor,
roubaram minha liberdade
me dizendo, pecador.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Sexo Vicioso

Sexo
Vicia.
Sexo
Causa euforia.
Sexo
Enlouquece o olfato.
Sexo
Desmascara o tato.

Amor
Causa sexo.
Furor
Causa sexo.
Saliva
Mata a sede.
A carne
Mata a fome.
A mente
Esquece o resto.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Apenas dois caminhos

Que é o mesmo que ser livre, o homem,
E não ser livre ao mesmo tempo,
Somente alguns pensam.

Como pode ser travesso, se quisesse,
E não ser repreendido?

Ou então, qual diferença se faz,
Ser malino ou não, se pra tudo há perdão?

Quem se dirá livre, estando apto apenas
A escolha de dois caminhos.

Não podemos, nós, criar, cada qual,
Um próprio terceiro
Ou quarto caminho
Se assim acharmos mais divertido.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Sudoku

SEIS               NOVE                        CINCO
SETE              UM                 DOIS
OITO              QUATRO       X

Quem é o X da questão?
Eu sou o X da questão?
Eu preciso estar aqui?
Preciso ficar?
Preciso fugir?
Preciso contar?
Preciso disso?
Preciso pensar?

sábado, 20 de novembro de 2010

Eu e a multidão

Querer perto e ao mesmo tempo
querer longe.
Sentir saudades e ao mesmo tempo
querer distância.
Sentir prazer mas ao passo dum segundo
buscar sair dali.
            No instante de falar, relutar
para não discutir.
            No instante de falar, evitar
para não se justificar,
calar-se para não decepcionar,
mentir para não ver chorar.
            Sabe-se lá o que venha a ser essa confusão,
querer estar só, mas há alguém lá,
querer alguém lá, e este não está.
Em dúvida entre eu, eu e você, eu e outro alguém
                                                           e a multidão.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O Fim

Fim do século,
Fim do tempo do contínuo,
Tudo é discreto.

Fim das majestades,
Tudo é confusão,
Desilusão,
Há liberdade?

O interessante é saber que não se sabe do começo.

Interessante é dizer o que ninguém antes disse.

É mesmo muito bom – para alguns – fazer o que ainda não foi feito.

Fim dos tempos,
Das nossas singelas contagens de milênios.

Fim dos nossos incansáveis comodismos,
Será mais cômodo esperar que o fim acabe com isso.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O fim do mundo 3

E se o mundo acabasse agora?
Não!
É melhor não.
Ainda nem completei 18 anos!
É melhor que acabe só na semana que vem.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Sem Céu

Antes se perguntaria do que eram feitas as nuvens.
Pensar-se-ia algo divino – pode ser,
A morada dos anjos – o céu.
É, alguém pensaria
o quão chato seria
passar todo dia
olhando lá de cima
os terráqueos ao léu.
Antes se perguntaria do que aconteceria aos animais quando morressem.
Nada – pensaria alguém sem vontade de pensar.
O mesmo que para humanos – pensaria alguém que ama muito seu pet.
Tão já, as nuvens estariam enfestadas de todas as espécies animais,
fosse toda criança querer levar consigo pro céu um elefante ou uma girafa.

Antes se perguntaria o que seria da Terra dali a alguns séculos.
Aqui estamos nós:
Sem céu,
nuvens são vapor.

sábado, 13 de novembro de 2010

A Dança

Ciranda,

Olha o rebolado da Nanda.

Boi Bumba,

Abra o caminho pra Bruna.

Faz a roda,

Sinta a maciez da mão da Rosa.

Maracatu, frevo mulher,

Samba no pé.

O que é que a baiana tem.

O que a brasileira tem.

Tem o que ninguém tem,

Ela dança como ninguém,

De beleza que me faz bem.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Minha Lua

La vem a lua
com toda sua ironia
Me mostrar que está nua,
Dizer que já se passou mais um dia.

Mas lá vem estrela Dalva
Com toda sua calma
Me dizer que tudo gira,
Que a lua estava brincando
E que a noite é linda, ainda.

Ah, lua, eu te entendo,
Achas que eu não passo de mais um veneno.
Não, não, te enganas,
Eu sou sereno.
Lua, eu ardo em chamas.

E se queres saber, lua,
Todo o dia te espero, te quero e sonho
Com você sorrindo e aparecendo
Como hoje, nua.
Te admirando (é noite e reinas)
Eu vou adormecendo...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Esnobio

Fique com sua roupa limpa,
Com seu sapato branco,
Sua camisa da marca,
Sua prosa exacerbada e incoerente.

Poupe-me dos seus delírios doentios,
De comprar do mais caro,
De olhar de cima para baixo,
De fechar os olhos para não ver.

Seu luxo me dá nojo.
E não poupo essa palavra.
Nojo é o que sinto.
Nojo é o que seu diálogo, seus gestos,
Seu balbuceio suscitam.

Pena por escrever um texto tão sujo
Para alguém ainda mais podre,
Escravo de uma burguesia que não é sua,
Contaminado por uma cólera cuja diarreia
Não sai e atraca a síndrome do ser bem muito mais melhor que os outros
Cegamente.

Pena por ter conhecido ser de tal ignorância
E arrogância,
De frescura deprimente,
Com olhos de esnobe demente.
De mente imbecil.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Ilusões

Ascendam as luzes dos tempos que as areias apagaram.
E tragam os garfos para a luta começar.
Não esperem que tudo se desembainhe por si só.
E não se entreguem à vingança convencional.

Arrebatem as cadeias e esquadros do vasto incêndio.
Abriguem a fumaça.
Desarmem as redes e escondam os mantimentos.
E não se entreguem a qualquer estátua de ferro.

A noite será convertida, o dia será dilacerado,
ou vice-versa, ou tudo igual, ou nada será.
Bebam os sucos vendidos por suas próprias idéias.
E amanteiguem a linguagem até hoje frita.

Não se meta contigo mesmo, nem com tigo que tigo te deu.
Espalhem os cabelos e martelem os balões.
Puxem seus gatilhos e recorram às ilusões.

Entrem frio a dentro descobrindo o pós-noturno.
Criem os naturais oblíquos,
Os quais o som já esteve em luto.
Viajem pelo rio que a estrela não acalmou.
E terminem tudo de novo trazendo de volta o que voou.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

dEsPROporcionAL

Eu sou assim,
fiquei assim,
não sou mais igual.
Meu braço direito ficou mais forte,
o esquerdo com ciúmes,
e querem sempre carnaval.
Meu cabelo da cabeça encaracolou,
imagine o outro, alisou,
e era esse ultimo que eu menos amava.
Minha barriga cresceu,
minha canela murchou,
meu nariz ficou de banda
e estou com uma unha encravada.

Mas parecia que ia dar certo.
Apliquei uma regra de três
aquela que não aprendi,
vai ver foi por isso que consegui
''três sol'' nos ''dois olho'' ao mesmo tempo.

Que diabo tá acontecendo,
sinto meu estômago remoendo,
e meu nariz tá escorrendo.
Só falta agora caganeira
vômito ao mesmo tempo.
Mas quem sabe uma bendita cachaça
com gengibre, mel e limão
aquiete meu coração
e acabe com essa desgraça.

domingo, 1 de agosto de 2010

Feliz Dia Infeliz

Feliz mais trezentos e sessenta e cinco dias.

Você ganhou um novo vestido velho,

Espero que goste, espero que o termine de estragar.

Feliz mais um dia infeliz.

Vamos comer bolo de fubá e água,

Espero que não se engasgue,

Que não estrague.

Triste tarde como a de ontem.

Ganhamos mais algumas horas,

Ganhamos olhares de mais algumas senhoras,

Quem sabe amanhã tenhamos pão de trigo

Com café

Fraco.

Boa noite fria e barriga vazia.

Amanhã será um novo infeliz dia.

Boa noite estrelas que eu olho,

Estrelas que não me olham.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Corpos

São os dois dos dois integrantes

Traçando uma ação instigante.

Num instante,

O restante chegando,

Nossos olhos fechados,

Nossos corpos colados.

São feito elos de corrente,

O olhar não mente,

E ardente

Vai acabando o restante,

Vai chegando o instante,

Nossos olhos fechados,

Nossos corpos adormecidos

Colados.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Eu = eu(você)

Basta dizer que vai

pra vir o sentimento de saudade

pedindo pra que fique.

Basta ir,

que a saudade aperta

dizendo: volte.

É só estar,

que bate um abstrato sussurrando:

me abrace.

Sou agora um sistema de dois níveis:

um abraço ou uma saudade

oscilando inconsciente.

Sou uma loucura dependente,

uma função de você.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Agora não

E então?

Que tal agora?


 

Não escolher,

Não andar,

Não gritar,

Ou chorar:

Ficar na multidão.


 

Não crescer,

Não alcançar,

Não espernear,

Ou chutar:

Ficar sempre no chão.


 

Espera um pouco aí,

Fiquemos mais um pouco,

Durmamos mais um pouco,

Saiamos agora não,

Ainda não.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Lost in a cage

Lost

In a small space

Lost in a space

to run away

From here with no destiny.

What I feel is just… Oh…

I’m hungry…

Hungry for revenge.

I’ve became this furious figure

Who sometimes wanna see the death.

Thirsty,

Sickly necessity of blood.

Coerced, since I was a fetus,

To shoot up, to live and let die.

Lost and confined

In a small place,

In a tragic cage

Which ones call

Planet Earth.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Um astro de presente

Não posso trazer uma estrela,

Antes ela me levaria,

E se pudesse trazer, ela nos queimaria.

Sobre o sol, eu digo o mesmo,

E tirando-o do lugar

O mundo se desvaneceria.

Uma nuvem é vã,

Aos poucos se condensaria,

E te enganando, evaporaria.

A luz parece ser o que está mais perto,

Mas, no entanto é de fantástica velocidade,

Assim já disse um Físico,

E outro, e outro, e outros.

O arco-íres parece um tanto irônico,

Usa o formato do globo,

A luz do sol,

E a água da chuva para aparecer.

Vou usar lápis de cor!

Dar tudo isso

À você.

sábado, 5 de junho de 2010

Bem

Felicidade é um bem
que se tem.
O adjetivo é Feliz.
O verbo é ser.
Eu sou, tu és, ele é... Feliz.

E quanto a quem diz que não é feliz?
Falta um bem:
Não é dinheiro (veio com o capitalismo),
Não é dinheiro (veio com a ganância),
Não é dinheiro (veio com a corrupção),
Não é dinheiro (não compra amor),
Não é dinheiro (não compra vida),
Não é dinheiro (...).

Vi, ontem, um criança sorrindo.

domingo, 30 de maio de 2010

Estômago

Forte incomodo, de dentro para fora

do estômago.

Ligeira sensação de morte súbita.

O que quer-se apenas é defecar.

Mas, oh! que terrível é

quando isso se repete por vezes ao dia,

e quando se repete o dia…

 

Agoniante sensação de não estar satisfeito,

sem conforto em pé ou deitado,

defeca-se sentado.

 

Será um ácido?

Uma bactéria?

Verme ou germe?

Foi comida azeda,

iogurte vencido

ou remédio errado?

 

Ai meu Deus!

Aaaaaaaaaah!

 

Já estou farto

de tanto ficar sentado

apertando meu estômago.

 

Se gritar ajudasse, gritaria.

Se funcionasse, de cabeça para baixo ficaria,

mas deve ser pior,

eu não aguentaria,

antes no vaso do que na minha cabeça.

 

Não há comida aqui dentro,

tudo deve estar se corroendo.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Pra sentar na calçada

Pra sentar na calçada

E sentir o vento passando,

Quero voltar pro interior

Onde a brisa da noite é tranquila,

Sem fumaça.

Eu me lembro que fazia

Todo dia a mesma coisa:

Sentava na frente de casa,

Qualquer que fosse a lua,

Pra sentir o frio da calçada.

Mas um dia ei de voltar,

Só que nunca mais será

Como era sempre antes.

Hoje há carros, há buzinas,

Lá no interior, agora tem usinas.

Vou ficar com a lembrança,

De até uns dias desde minha infância

De quando ficava na suja calçada

Olhando pro céu,

Procurando o nada.

Me espere, calçada,

Que irei esquentá-la.

sábado, 17 de abril de 2010

Canção das belas idas

Linda, toda lima.
Como a vinda de um dia,
Como a trinda que se infinda.

Bela, como a tela de uma era,
Como a terra que te espera,
Como a erva que desterra.

A ouvi, como um tom de colibri...

Meu encantei, meio a tanto me inspirei.
Hoje nem sei
Aonde vou, que direi.

Nem sei mais das madrugadas,
Sob a luz parda mal olhada,
Esperando o sol raiar.

E que dirá a minha amada,
Que ali triste e embriagada
Me espera a meninar.

E como se foi do colibri
Que quando vi não mais estava.
Talvez, por tanto, o esqueci.

O meu amor que não estava,
O canto do colibri.
Mais uma noite a madrugada.
Mais uma noite e não dormi.

O sono denso,
O sonho intenso,
E em minha mente o colibri.

O silencio se fez canção
E eu amei a solidão
Prometida desde então
Pois perdi meu colibri.

E agora coração?
O que faço com a razão?
Que perdi tempos atrás
Onde ele mesmo se desfaz.

Recordando só saudades.
Pensando nas intimidades
Que o colibri cantava.

Se vale a pena ao colibri,
Não sei.
Pois a ave de belo canto
Foi-se embora de mim.

A tristeza é um lamento
De um canto em que lamento:
A ida do colibri.

sábado, 10 de abril de 2010

sou meu coração

coração bobo

bate desordenado,

bate, me deixa calado,

sou bobo também

 

cabeça com o pensar

longe,

bem longe do chão da estrada

e o coração não para.

estou longe também.

 

saudade faz brilhar os olhos,

mostrar um sorriso

num compasso bem lento

pensando num abraço.

ainda estou a caminho.

 

sou meu coração.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

contigocontente

deixaeupularacerca

porquedesteladosótemsolidão

queroestarsemprecontigo

ealiviaradordomeucoração

 

dediaveropasto

asfloresdocampo

ospássarosvoando

noventosentirteuabraço

 

detardeficarnumasombra

comteuombroaomeulado

etuacabeçaencostadajuntoaminhacabeça.

 

denoiteolharasestrelas

navarandadafrente

contente.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Bicho

Bicho do mato escuro
que vive sozinho
no meio do nada.

Bicho, a fera ferida,
que foi desprezado
na suja calçada.

Cara da cor da poeira
da terra batida
avermelhada.

Bicho do cabelo negro,
que foi espantado
pelo forte vento.

Alma com fome e asia,
que espera a noitinha
enluarada.

A carne cobre o esqueleto
que treme de medo
do seu próprio espelho.

Bicho, homem,
sozinho,
no meio do caminho,
no fim da jornada.

Bicho

Bicho do mato escuro

que vive sozinho

no meio do nada.


 

Bicho, a fera ferida,

que foi desprezado

na suja calçada.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Do pouco que era muito

A moda está me corrompendo,

Minhas roupas estão me deixando hipócrita,

Meu sorriso, me fazendo fingido.

O que está acontecendo com aquele garotinho

De inocência e rosto sujo,

Sandália 33 e olhos espertos?

O que está acontecendo com minha coragem?

Estou tão covarde.

E nem sei se foi sem querer,

Acho que sou culpado – também.

Acho que vou subir

Pra mais alto do que já estou

Pra ver o que acontece,

Pra ver se me corrompo mais ainda,

Pra ver se levo mais comigo,

Pra ver se invento uma moda também, neste dia.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Tímido

São poucos os meus livros,

os artigos,

os jornais que li.

Mas tudo é pouco

sempre quando ouço

sua voz

mais uma vez.

Quero que a idade não venha,

pois, aí meu Deus, que pena

não estar mais com você.

Mudo, de repente, o tom

da minha voz agreste,

de cabra da peste

para um quase mudo som.

Sei que vão faltar palavras

quando um batido bem apertado

me fizer fechar os olhos

e escancarar meu coração.

Quero, então, terminar sem rima

Como fiz no começo

desta declaração de amor.

sábado, 6 de março de 2010

Como antes, de novo

hoje fiz mais um rascunho

da minha vida

e o destruí

pra começar de novo.

 

abracei

pra  sentir

e soltei

pra ter saudades

e abraçar de novo.

 

como se não pudesse,

não estivesse,

não se conhecesse.

 

hoje fechei os olhos

para abrir

e fechar

de novo,

e manter fechado

por alguns instantes

de novo.

 

voei

de novo

como fiz antes

de voar

de novo.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O colecionador de canudos

Encontrei milhares de riquezas no sul da Palestina. O ocidente já não me deixa em paz.
Estou com febre e moribundo, mórbido e desfigurado. Os espíritos, todos, se inflamaram, e as águas tintas às veias surradas derramaram-se num estranho morim.
O contemporâneo esboça minha lâmina, e minha ira retoma a idade central: “o curumim a mendigar o linguajar dentro de mim”.
Meu sono entorpecido pela destreza que tive ontem fabrica ilusões em meus olhos fatigados.
Não acompanho a hora fria, e nem consigo. Ninguém me segue, ninguém me ouve, ninguém me vê, ninguém me viu, ninguém me sabe.
Descubro aos poucos, além disso, que meu lugar é o retorno, que os que me tiram me deixam lá, e quando há tudo não tenho utopia, não tenho redor, não tenho radar.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Sistema

Somos como cromossomos, hereditários.
Cheque o cheque que te dei,
Pode ser um xeque-mate,
Sem fundo e a vista.

Assistente que assiste e que assessoria, assessor.

A vida de muitas vidas depende da vida de outras.

Esqui: patins comprido para deslizar sobre a neve ou água.
Esquina: cunha, canto exterior.
Esquimó: habitante de terras árticas.
E nós?
Somos como cromossomos?
Hereditários?

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

a personalidade do TEMPO

tem tempo
que o tempo
anda reto

tem espaço
que o tempo
anda curvo

tem curvas
que o tempo
passa rápido

tem horas
que o tempo
passa mudo

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O vento

As maneiras que o vento toca as folhas

Aleatórias, como as folhas e como os ventos.

Na neblina das montanhas, o vento ecoa

É quase um uivo, e meus ouvidos ficam atentos.

A lua atrai e vem o vento

Tem onda, tem maré.

Lá vem uma nuvem, deixa chuva

Lá vai a nuvem, deixa o sol aparecer.

E tem o ar

Do teu suspiro

O qual queria

poder respirar.

Mas sinta o vento

da minha boca

que dá a teu nome

um movimento.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Chovia no quarto

Preso no quarto

Chovendo no quarto

Na minha cabeça

A chuva dizia

Nunca se esqueça

Você está preso no quarto

E a chuva sou eu

Eu nunca entendia

Chovia de noite

Chovia de dia

E eu ficava no quarto

Preso no quarto

Chovendo no quarto

Na minha cabeça

esta poesia

sinta, sinta, sinta

esta porra.

sinta, sinta, sinta

esta agonia.

sinta, sinta, sinta

este sentimento.

sinta, sinta, sinta

esta alegria.

sinta este prazer,

este gozo,

este viver.

sinta, sinta, sinta

esta poesia.

sábado, 16 de janeiro de 2010

o passado de hoje

eu posso acordar hoje

eu posso levantar hoje

eu posso sair hoje…

hoje eu posso caminhar,

tocar a vida pra frente.

posso me biritar,

conhecer tanta gente.

hoje eu posso aproveitar o hoje.

hoje, hoje…

ontem.

hoje descobri que ontem é passado de um  hoje.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Ao amor desconhecido

Deixe-me só, com o que escuto, com o que leio.
E não estranhe quando me verdes andando sozinho.
Hoje, a lembrança do teu corpo e o que aprendi ao longo dos tempos.
Não me importo com o que dirão quando me verem sem documento, sem álcool, sem roupa. Serei eu mesmo.
E quando ouvires os tambores do meu coração, não tenhas dúvida.
Hoje estive em Angra, em Goiânia e em São Joaquim. Estive em Hiroshima e te trouxe uma rosa. Mas talvez tivesse sido melhor ficar na praça central do Líbano ou então na Groenlândia.
Deixe-me com a razão que não tenho. E não estranhe se eu não mais chorar.
Só espero, se não mais lembrardes de mim, que eu durma.